terça-feira, 18 de agosto de 2009

Vulcão e neve combinam?

Você sabia... que na África existe um vulcão coberto de neve?
No Kilimanjaro, que tem quase 6 mil metros de altitude, faz frio como nos pólos!

Ilustração: Mário Bag

Quando se fala em África, logo vem à cabeça a imagem de uma savana. Veja se você pensou em uma cena parecida: mata baixa, leões disfarçados à procura de uma presa, manadas de rinocerontes, elefantes, sol escaldante – capaz de fritar um ovo no chão – e um pouquinho de neve... Opa! Há algo errado! Neve? Na África?

É mesmo difícil de acreditar, mas embaixo de todo esse calor, muito perto de leões, girafas e rinocerontes, existe um vulcão coberto de neve: o Kilimanjaro. Ele está localizado na Tanzânia, país da costa oeste do continente, e tem quase seis mil metros de altitude.

Ué, mas a lava do vulcão expelida não derreteria a neve? Derreteria, acontece que não há registros de erupções nesse vulcão. Isso porque o Kilimanjaro não é um vulcão ativo, e sim, dormente. No seu interior, há lava derretida e ele, de vez em quando, solta no ar vapor de água, poeira e gases, que parecem uma fumaça. Por isso, não é descartada a hipótese de que entre em erupção no futuro, o que causaria o fim da camada de gelo.

Mas, você deve estar se perguntando: por que, afinal, a neve se acumulou em cima do vulcão? Guarde bem para não esquecer: em locais extremamente altos, como no topo do Kilimanjaro, a temperatura média chega a ser tão fria como nos pólos da Terra. Quem se aventura a escalar essa montanha começa enfrentando clima quente como o da Amazônia até que, com a subida, a temperatura vai baixando, há chuvas e, no topo, gelo! Ali, ocorre um fenômeno conhecido como ‘neve eterna’. Essa neve cai nos dias mais frios do inverno e não consegue ser derretida durante o resto do ano. Só que esse quadro mudou...

Há 100 anos o gelo cobria todo o alto da montanha – uma área de, aproximadamente, 12 quilômetros quadrados. Comparada ao que já foi, hoje ela é bem pouca, se acumula em cerca de dois quilômetros quadrados, ou seja, um sexto de seu tamanho original. Foi o aquecimento do planeta que fez com que pouco a pouco a neve eterna se derretesse.

Resultado: o desaparecimento da neve no topo do Kilimanjaro, paralelamente, provocará a diminuição do volume de águas dos rios que as neves alimentam. E aí pode ocorrer o desaparecimento das florestas também.

Se você acha que ainda vai levar tempo para isso acontecer, preste atenção: por conta das mudanças no clima da Terra, alguns cientistas prevêem que o branquinho no topo do Kilimanjaro desapareça em futuro próximo, daqui a 10 ou 15 anos. Aproveite, então, para ver depressa esse fenômeno ainda que seja por fotos. Em www-bprc.mps.ohio-state.edu/Icecore/Kilimanjaro.html você encontra belas imagens. Confira!


Celso Dal Ré Carneiro,
Instituto de Geociências,
Universidade Estadual de Campinas.
Materia publicada na revista Ciência Hoje para Crianças (Maio de 2006)

Um comentário:

André Silveira disse...
Este comentário foi removido pelo autor.